quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Pai,


Quantas coisas ruins já falamos com ou sem necessidade? Quantas vezes já nos magoamos e depois de algum tempo surgiram os arrependimentos como se de alguma forma uma parte de nós, a mais importante, estivesse ausente. Uma dor por nos ferirmos.Primeiro eu, depois você e então nós.
 Nos amamos mais do amamos qualquer outra pessoa ou coisa no mundo. Choros, risos, batalhas,mas não sabemos demonstrar isso para nós mesmos e no final parece que todo o esforço não tem um sentindo. Eu faço por você e você faz por mim. Não percebemos, não demonstramos e fica por isso mesmo. Conversas de três minutos, uma conversa mal esclarecida, mal interpretada, mal conversada. O ruim torna-se o pior e a pergunta é tão simples : por que magoar quem tanto te ama?
 Eu não gosto nem de pensar na hipótese de estar em um mundo sem você, independente de estar com o humor de quando seu time ganha ou com estresse causado pelo transito. Eu aprendi a te amar e isso implica que eu aceito o que você é, posso não concordar com mil coisas, mas essas mil coisas nunca serão o suficiente para que deixe de ter um pai e amá-lo, amar tão intensamente ao ponto de sofrer com o pensamento de um dia ser uma segunda opção, uma obrigação.
 Eu nunca quis ter o pai mais forte do mundo, o mais bonito, o mais rico. Apenas um pai para fazer barquinhos de papel com minhas folhas rasgadas, ler minhas redações, guardar os cartões que eu fazia para uma mãe inexistente. Guardando todos em um pasta e escondendo para eu não sofrer. Um pai que me esperasse dormir e pegasse as fotos que eu dormia abraçando, depois de chorar. Um que fosse as lojas comigo e ficasse zombando das roupas que comprasse, do mesmo sorvete nas mesmas sorveterias e do estilo do meu cabelo.
 Um pai simples, trabalhador que enchesse meu peito de orgulho.Não nos conhecemos mais e isso até soa engraçado quando moramos juntos.Com a metade da idade que eu tenho hoje, decidimos ficar juntos. Coube a você criar alguém, logo você que nem sabia estar só. Conseguiu, estava sempre em reuniões escolares, consultas médicas, observando minhas amizades na rua, auxilando meu desenvolvimento. Éramos um plural, agora somos o singular. O que mudou tanto nesses anos? Mudou tão rapidamente ao ponto de eu nem perceber. Percebi e já era tarde, você não tenta mudar, eu tento e não tento. Tentativas inúteis. Quero uma chance, mereço uma.
 Um dia eu ouvi ''temos um ao outro''. Eu respondi ''engraçado, porque é como se eu estivesse só''. E ainda sinto isso, mas aprendi que é melhor estar só à dois, do que a um. Compartilhar a mesma casa mesmo que no silêncio mútuo.O mesmo percurso da escola sem palavras trocadas, apenas sentindo a presença.Eu só quero estar perto de você todos os dias, para sempre. Faz anos que você não ouve isso de mim, talvez com o passar do tempo as pessoas passem a guardar as palavras mais bonitas e sinceras. E as minhas são tão comuns e verdadeiras : eu amo você.
 Só preciso que seja recíproco, demonstrativo e sóbrio. Você é entre os homens, o melhor para mim.


4 comentários:

J disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
J disse...

lindo

isabella disse...

bebezao... voce é o melhor escritor adolescente, tem muito talento, e eu desejo toda felicidade do mundo pra voce, te amo.

Anônimo disse...

Perfeito, sem qualquer comentário negativo, com sentimento, belas palavras, enfim...